A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, discursou
nesta quinta-feira (8) em Durban, África do Sul, sobre a posição do Brasil na
Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17). A conferência está em
seus momentos finais com a chegada de ministros de todos os países para
negociar a continuação ou não do Protocolo de Kyoto.
Segundo o portal G1,
Izabella defendeu um acordo legalmente vinculante, isto é, que obrigue os
países a cumprirem metas, mas que seja colocado em prática apenas em 2020.
Se todos, repito todos, trabalharmos juntos poderemos
negociar o mais cedo possível um novo instrumento legalmente vinculante sobre a
convenção [do Clima da ONU], baseado nas recomendações da ciência, que inclua
todos os países para o período imediatamente após 2020”, discursou no plenário
da conferência, que reúne mais de 190 países
Com essa posição, o Brasil se alinha ao lado dos Estados
Unidos, que não querem um acordo vinculante para 2012, o prazo final do
Protocolo de Kyoto, e contra a União Europeia, que está sob pressão para tentar
salvar o protocolo. Segundo o jornal britânico The Guardian,
essa posição pode significar a morte de Kyoto.
A grande pergunta é se Brasil, Índia e China vão,
inadvertidamente, apoiar os EUA. Esses países, junto com a África do Sul,
negociam em bloco. Se
eles apoiarem atrasar um novo tratado para 2020, isso poderia acabar matando
o Protocolo de Kyoto. Nesse cenário, os EUA ganham. Se eles preferirem se
aliar aos países da UE e aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas,
isso poderia resultar em um acordo mais ambicioso.
O Protocolo de Kyoto foi formulado em 1997 com o compromisso
de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que provocam o fenômeno das
mudanças climáticas. O texto aprovado separa os países em dois grupos, o do
chamado “Anexo 1″, que lista os países desenvolvidos e os que surgiram após a
queda da União Soviética, que tinham a obrigação de, juntos, reduzir 5% das
emissões, e os demais países, que não eram obrigados a reduzir emissões para
não interferir no processo de desenvolvimento e combate a pobreza.
O problema é que o Protocolo de Kyoto não foi respeitado: os
Estados Unidos não ratificaram o acordo, e as emissões globais, em vez de cair
5%, subiu 40%. Além disso, no começo da reunião climática, Canadá e
Japão anunciaram que não querem a continuação do protocolo, porque
ele não obriga países em desenvolvimento, mas que são grandes poluídores, como
China, Índia e Brasil, a diminuir emissões. Apesar dos problemas, a União
Europeia defende Kyoto, que é o único acordo legalmente vinculante que já
existiu na questão climática.
Caso os países entrem em acordo, o mais provável é que seja
um diferente do Protocolo de Kyoto, e mais próximo das metas voluntárias
propostas nas reuniões de Copenhague e Cancún (2009 e 2010). Pelo acordo de
Cancún, cada país decide, individualmente, o quanto está disposto a reduzir
emissões. No caso do Brasil, por exemplo, o país se propõe a acabar com 80% do
desmatamento da Amazônia e reduzir a curva de crescimento das emissões de gases
de efeito estufa em 33%.
Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/ofiltro/2011/12/08/brasil-aceita-acordo-para-reduzir-emissoes-mas-so-para-2020/
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