A sociedade organizada brasileira acredita que o País deve
exercer papel de protagonista na Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para junho de 2012 na cidade do
Rio de Janeiro. A conclusão faz parte do Relatório Final de uma consulta
pública promovida pelo Ministério do Meio Ambiente para coletar subsídios à
elaboração do documento que o Brasil submeterá à ONU em 1º de novembro,
contendo suas propostas e visões para a Rio+20.
A consulta foi realizada entre os dias 5 e 25 de setembro,
por meio de questionário online disponibilizado no endereço
http://hotsite.mma.gov.br/rio20. As 11 questões trataram do progresso da agenda
do desenvolvimento sustentável nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, e
sobre os temas da conferência: (1) economia verde no contexto do
desenvolvimento sustentável e do combate à pobreza e (2) estrutura de
governança institucional para o desenvolvimento sustentável.
No total, o ministério recebeu 139 questionários, de todas
as cinco regiões do Brasil, sendo 103 da sociedade civil, 16 de empresas, 9 da
comunidade acadêmica e 11 de governos locais. As respostas foram compiladas pela
equipe da Assessoria Extraordinária do MMA para a Rio+20 (ASRIO). O resultado
(Relatório Final) será levado à Comissão Nacional Organizadora da Rio+20 em
reunião no próximo dia 26.
“Tendo em vista o pouco tempo que a consulta ficou aberta, o
resultado superou nossas expectativas – tanto em termos de quantidade quanto de
qualidade das propostas”, diz Yana Dumaresq Sobral, assessora extraordinária
adjunta da ASRIO.
Além disso, segundo ela, foi possível notar uma série de
convergências em relação ao posicionamento que o Brasil deve apresentar à ONU.
“A maior parte dos temas levantados pelos participantes já vêm sendo discutidas
pelo Governo, como os que envolvem segurança alimentar e nutricional, ‘empregos
verdes’ e energia”, conta.
Liderança – Todos os setores que participaram da consulta
pública requerem um papel de liderança do Brasil na Rio+20, quer seja por sua
riqueza natural e cultural, quer seja pelos êxitos alcançados, desde 1992, nos
três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental.
“Há um forte alinhamento de todos os setores ouvidos no
sentido de que o Brasil proponha um novo modelo de desenvolvimento global,
monitorado por meio de indicadores de sustentabilidade”, informa o Relatório
Final da consulta pública. Ainda de acordo com o documento, um grande número de
participantes sugeriu que a liderança internacional do Brasil seja acompanhada
de coerência no trato das questões socioambientais internas.
Com relação ao legado da conferência para o Brasil, os
participantes da consulta pública acreditam que a Rio+20 deve criar uma
plataforma de diálogo permanente entre governos, sociedade e setor privado que
perdure após 2012. Os setores também apontaram a criação de indicadores
mensuráveis como forma de renovar o compromisso internacional com o
desenvolvimento sustentável.
Avanços e lacunas – Quando questionados sobre os avanços e
lacunas na implementação de documentos resultantes de conferências anteriores
sobre desenvolvimento sustentável (Rio de Janeiro em 1992 e Joanesburgo em 2002),
os participantes da consulta pública destacaram, como avanços, a maior
conscientização entre os diversos setores da sociedade sobre os temas de
sustentabilidade, a participação da sociedade civil nos processos decisórios e
a inclusão de novos temas na agenda global de sustentabilidade. Entre as
principais lacunas, os setores apontaram o déficit de implementação da Agenda
21. “Outra lacuna apontada foi a questão do financiamento para o
desenvolvimento sustentável: como mobilizar os recursos e como fazê-los fluir
de forma eficiente”, conta a assessora extraordinária adjunta da ASRIO.
Economia verde - No quesito ‘economia
verde’, uma dos temas da Rio+20, os participantes acreditam que ela pode ser
compatível com as estratégias de crescimento econômico e de combate à pobreza,
e deve integrar as estratégias governamentais. O tema das compras públicas
(estatais) sustentáveis como vetor de mudança nos padrões de produção e consumo
foi citado por número relevante de consultados.
Todos os setores consultados se sentem parte da mudança
pretendida rumo à sustentabilidade, articulando-se entre si em torno de temas
como segurança alimentar, ‘empregos verdes’, energias renováveis, educação ambiental, planejamento
urbano, novas métricas de riqueza, recursos hídricos etc. “A consulta revelou
que a sociedade acredita ser possível a integração dos três pilares da
sustentabilidade. Ou seja, que é possível se ter uma estratégia de crescimento
econômico calcada na inclusão social e no uso racional dos ativos ambientais”,
comenta Yana.
Em relação ao modelo de governança internacional para o
desenvolvimento sustentável, outro tema a ser debatido durante a conferência, a
consulta pública registrou percepções diversas. Os participantes apontaram,
porém, que a estrutura das Nações Unidas, em especial o PNUMA [Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente], não corresponde ao nível de efetividade
esperado. “As propostas apresentadas transitaram desde uma reestruturação do
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) até a criação de
organismo com poderes equiparados aos do Conselho de Segurança”, informa o
Relatório.
“Uma importante mensagem que a consulta pública deixa é que
a sociedade organizada brasileira, de forma geral, espera que os ganhos
oriundos da Rio+20 não se restrinjam aos avanços internacionais, mas,
principalmente, sejam traduzidas na construção de um legado nacional espelhado
em melhores práticas públicas e privadas”, conclui Yana Dumaresq Sobral.
Fonte: https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2011/10/rio20-para-alinhar-participacao/14860?utm_campaign=UA-10095781-1&utm_medium=twitter&utm_source=twitter
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