Carlo Rubbia afirma que pessoas
não levam questão a sério.
Carlo Rubbia, que partilhou o Prêmio Nobel de Física em 1984, afirmou que o aquecimento global é um problema muito maior do que as pessoas imaginam. Falando na Rio+20 à agência de notícias Xinhua, ele disse: “Minha mensagem é que a situação está muito pior do que se vê e se acredita.”
Rubbia mencionou dois “fenômenos
contraditórios”: o aquecimento global e o efeito-máscara dos aerossóis, que
efetivamente contrabalança os efeitos do aquecimento. Não fosse por isso, a
temperatura do planeta teria subido até agora em 3Cº, segundo ele.
“As pessoas nas ruas não percebem
os efeitos da mudança do clima” porque nos últimos dez anos a temperatura não
aumentou substancialmente. “Por isso, elas acham que a pressão do aquecimento
global não é uma realidade.”
Na realidade, há dois fenômenos
coexistindo ao mesmo tempo – o aquecimento global, que causa a elevação de
temperaturas, e os aerossóis, que reduzem a transparência do ar e portanto
reduzem a temperatura, disse Rubia.”Então, temos este equilíbrio instável, um
aquecimento que na verdade não vemos por causa de muita poluição produzidas
pelos aerossóis, a poeira na atmosfera, e etc.”, afirmou. No entanto, “assim
que limparmos o mundo usando menos carros, queimando menos, a extensão plena do
aquecimento retornará, e será tarde demais,” ele advertiu.
Rubbia lembrou “uma mudança muito
substancial de temperatura” na Europa no verão de 2003, que depois desapareceu.
Todos os grandes emissores de
gases estufa concordaram no acordo de Copenhague que a temperatura global média
não deve se elevar acima dos 2Cº. Hoje, a temperatura do planeta é apenas
0.75Cº mais alta que no passado, mas na realidade podia ter subido em três
graus se não fosse o efeito máscara que cancela os efeitos do aquecimento.
Como resultado, as pessoas não
estão levando a coisa “suficientemente a sério” porque a situação se tornou
muito mais complicada e não tão óbvia como “um sim ou não”, afirmou ele.
Rubbia também manifestou
preocupações sobre uma tendência em muitos países de usar cada vez mais carvão
como fonte primária de energia. Alemanha e outros países europeus, por exemplo,
estão aumentando seu consumo de carvão porque querem suprimir o uso de energia
nuclear. Esta tendência também se verifica no Japão. “Há mais carvão, e isto
significa mais CO2. Estamos no processo em que as emissões de CO2 não tendem a
se estabilizar, mas a acelerar.”
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